segunda-feira, 6 de outubro de 2008

eu quero amar, eu quero ser
quero você no meu lugar

aonde eu for, aonde estou
aonde eu posso parar?

e sem você, meu outro eu
nao quero ser, nem desejar

o vai que ser, será aqui
ou será que será lá

o que eu não sei, já foi aqui
e a certeza irá chegar

já cansei de viajar
sem sair do meu lugar
já deixei de sucumbir
por lembrar e me animar

2 Responses to nessa paisagem inócua:

  1. A linguagem escrita é especialmente complicada, pelo menos ao meu ver essencialmente complicador. A primeira análise que eu automaticamente faço sobre tudo que eu leio/ouço costuma ser a semântica. Acabo caindo num possível vazio relativista que é "defina 'amar' ou 'sucumbir'". A segunda não me importa, foi mais exemplo, mas a primeira talvez seja crucial. Ou talvez eu sempre tente entender demais tudo e enquanto isso não se faz necessário. Afinal, é óbvio que cada um entende o mundo da sua forma.

    Tá, foda-se, dissertei aleatoriamente. Era só pra explicitar o fato de que
    apesar de parecermos muito parecidos, desconfio seriamente de que o tempero do qual você falou aquele dia (que me parece muitas vezes mais destempero) seja a dimensão do entendimento de determinados conceitos.

    Falar de amor me parece simples, cotidiano. Até porque em tempos como esses, a última coisa que deveria assustar as pessoas é o amor (com letra minúscula ou maiúscula). Muitas vezes entendido por vulgar, por ser livre de determinadas amarras que vêm exatamente daí, da costumeira sede de definir tudo.
    Um dia eu consigo me livrar dessas amarras que me restam ainda, ligadas principalmente ao medo.
    Medo do diferente, do alheio. O que o outro vai pensar se eu falar ou fizer algo, visto que a certeza mais próxima de mim é a de que ele vai entender de maneira diferente. O código distorce tudo. O amor não cabe em 4 letras. Nem em todas do mundo, nem mesmo naqueles hieróglifos japoneses infinitos.
    Porém, nem tudo é jogado fora por culpa da ineficiência parcial do código. A gente às vezes simplesmente joga fora. E nem pensa. Nem percebe. Muito menos sente.
    Isso acaba virando uma compulsão imperceptível e logo nos encontramos na filhadaputagem principal do mundo: "quanto mais se tem, menos se dá valor" digivolve para "quanto mais se quer, menos se tem".

    E então, veja você, a inocuidade começa a apresentar-se não tão inócua assim.
    Em todo caso, disponha de cafés na praia, filmes no Odeon, balas de tamarindo e determinada tagarelice de personalidade limítrofe e bipolar que almeja sem modéstias, ser capaz de ser e estar sempre mais, apesar de julgar-se sempre menos.

  1. volta!
    .-.